Efeitos estruturais-dependentes das fibras dietéticas no câncer de cólon: foco na fibra alimentar naturalmente alterada pelo amadurecimento do mamão
Esse foi o título da tese defendida pela nutricionista Samira Bernardino Ramos do Prado, pesquisadora do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC), que venceu a última edição do Prêmio Capes de Teses na área de Ciência de Alimentos
O Prêmio CAPES de Tese reconhece os melhores trabalhos de conclusão de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros de acordo com os seguintes critérios: originalidade do trabalho, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação e o valor agregado pelo sistema educacional ao candidato.
O trabalho foi coordenado por João Paulo Fabi, pesquisador do FoRC e professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP).
O estudo demonstrou que a pectina – um tipo de fibra solúvel – do mamão papaia maduro é capaz de inibir o surgimento de lesões pré-neoplásicas no intestino em ratos, que aparecem antes do desenvolvimento do câncer de cólon.
O grupo foi pioneiro ao relacionar o amadurecimento do mamão e as diferentes estruturas da pectina – que variam de acordo com o estágio de maturação da fruta – ao aumento dos benefícios de seu consumo.
Nos testes, ratos com lesões pré-neoplásicas no intestino foram alimentados com a fibra do mamão verde e a fibra do mamão maduro.
Um terceiro grupo de animais, que serviu como grupo controle, foi alimentado com celulose, uma fibra insolúvel que não é biologicamente ativa.
Posteriormente, os pesquisadores contaram as lesões em cada grupo e verificaram que os ratos que consumiram a fibra do mamão maduro tinham menos lesões do que os outros.
A pesquisadora também demonstrou em ensaios in vitro com células humanas de câncer que as fibras do mamão maduro tiveram um melhor desempenho ao induzir a morte de células cancerígenas e inibir a sua proliferação e migração.
Um dos alvos dessa etapa foi a galectina-3, uma proteína produzida normalmente pelo organismo que, em alguns tipos de câncer, tem sua expressão aumentada.
Ela é uma das responsáveis por aumentar a migração das células do tumor, tornando-o mais agressivo.
Confira a tese completa aqui (em inglês).
Linha de pesquisa
A linha de pesquisa coordenada pelo professor João Paulo Fabi é fruto de um projeto que teve início em 2014, financiado pelo programa Jovens Pesquisadores da FAPESP e intitulado “Alterações biológicas das pectinas de mamão com possíveis benefícios à saúde humana“.
Nos próximos passos, a equipe busca entender os mecanismos envolvidos na inibição das lesões em ratos.
De acordo com os resultados da tese de Samira Prado, os cientistas pretendem analisar duas hipóteses.
A primeira
É que a fermentação colônica das fibras pode variar dependendo de suas estruturas – no caso do mamão maduro, essa fermentação pode ser mais benéfica.
“Estamos estudando os derivados dessa fermentação, como os ácidos graxos de cadeia curta, para tentar identificar diferenças entre os três grupos. Também vamos verificar a abundância das bactérias no intestino dos ratos”, afirma Fabi.
A segunda
É verificar como as frações de fibras solúveis remanescentes da fermentação interagem com o tecido epitelial do intestino, possivelmente alterando a expressão de algumas proteínas relacionadas ao início e à progressão do câncer de cólon.
Parabéns ao grupo de pesquisa! 👏👏
Saiba mais sobre o grupo e confera outros estudos do Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC – Food Research Center) da USP, acessando aqui.
Ainda, conheça o projeto Alimentos Sem Mitos, que é uma iniciativa do FoRC, cuja missão é:
Desenvolver pesquisas de classe mundial, de caráter básico, aplicado ou estratégico, e realizar projetos de educação e difusão do conhecimento científico. Seu foco de atuação são as áreas de alimentos e nutrição.
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