Esses dias participei de um webinar super bacana promovido pela Verakis, que é uma instituição francesa, dirigida pela Profa. Dra. Juliana Grazini dos Santos.
Desde 2007, a Verakis trabalha com a mediação e a disseminação das ciências dos alimentos e alimentação, com o intuito de melhorar o fluxo e a qualidade das informações que circulam entre os profissionais especialistas e para o público leigo.
Bom, o webinário foi sobre a Classificação Francesa de Alimentos (SIGA) e suas implicações, que fez parte do Verakis Conecta, que tem como ambição estimular a carreira de futuros profissionais do setor agroalimentar, incentivando a construção de uma visão diferenciada e o network internacional.
Quem apresentou o webinário foi justamente o co-fundador da SIGA, Aris Christodoulou.
A CLASSIFICAÇÃO SIGA
O índice SIGA é uma pontuação científica inédita para avaliar o nível de transformação dos alimentos.
Ele permite que você escolha os alimentos mais simples , mais naturais e, portanto, menos transformados dentro de cada categoria de produto.
A classificação SIGA é baseada nos trabalhos realizados por inúmeras equipes de pesquisadores em todo o mundo em torno da classificação NOVA (a nossa classificação, segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira).
Só que tem um ponto muito interessante: a classificação SIGA vai além. Dá um passo a mais.
Como que funciona:
A SIGA é dividida em três grandes grupos:
A) Alimentos não transformados ou minimamente transformados
B) Alimentos transformados
C) Alimentos ultratransformados
SIM, transformados. Na NOVA utiliza-se processados, mas aqui eles não falam de processos (que para nós existe um mundo dentro desse assunto) e sim uma semântica de transformação, ou seja, do grau de desnaturação da matriz inicial.
Só que dentro desses grupos, ainda existem sub-grupos, por entender que os alimentos são complexos e, de certa maneira, inviável de classificá-los em apenas 3 ou 4 categorias.
Dentro do grupo A, tem:
A0 – Alimentos não transformados
A1 – Alimentos minimamente transformados
A2 – Alimentos minimamente transformados com ingredientes culinários.
Dentro do grupo B, tem:
B1 – Alimentos transformados
B2 – Alimentos gourmand (que seria algo como guloseima/exagerado)
Dentro do grupo C, tem:
C01 – Alimentos ultratransformados equilibrados
C02 – Alimentos ultratransformados gourmand (que seria algo como guloseima/exagerado)
C1 – Alimentos ultratransformados para evitar
C2 – Alimentos ultratransformados para evitar
C3 – Alimentos ultratransformados para evitar
Confira a classificação francesa de alimentos em cores:
É interessante observar que da escala do 1 ao 7, apenas o nível 7 é considerado: ultratransformados para evitar.
Ainda, é importante destacar que a SIGA oferece medalhas de ouro e prata para os melhores produtos dentro de cada categoria, o que estimula as empresas a pensarem melhor em seus produtos.
Medalha de ouro: indica em cada categoria de produto, as melhores receitas encontradas. Eles são os melhores alunos!
Medalha de prata: indica em cada categoria de produto, as melhores receitas encontradas, atrás dos produtos ouro. Eles são os melhores alunos!
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SIGA
“NOSSA ABORDAGEM É BENEVOLENTE, COLABORATICA E PRAGMÁTICA.”
BENEVOLÊNCIA: A Siga não quer apontar o dedo, por comunicação negativa, para produtos ultratransformados que podem ocasionalmente ter um lugar em nossa dieta.
COLABORAÇÃO: A Siga serve antes de tudo como um indicador científico comum para realizar ações concretas de seleção, (re)formulação e promoção de uma oferta alimentar de qualidade ao consumidor.
PRAGMATISMO: A Siga atua por um alimento menos transformado ao fornecer ferramentas e serviços que podem ser acionados por fabricantes, distribuidores, restaurantes e consumidores.
O grande diferencial da SIGA, é que ela oferece serviços para o setor privado na transição para alimentos mais saudáveis
E isso é muito importante. Não basta apenas apontar o dedo e colocar na mesa o que é “bom” e o que “não é bom”, mas sim pensar em estratégias e ferramentas para auxiliar empresas e fabricantes a transitar para alimentos menos transformados e mais saudáveis, construindo uma oferta qualitativa desejada pelas consumidores e clientes.
TREINAMENTOS SIGA:
- Compreender os desafios da ultratransformação
- Integrar em suas políticas de qualidade
- Desenvolver estratégias de vendas e marketing adaptadas
- Compreender e operar as ferramentas Siga
O assunto sobre alimentos industrializados está em alta atualmente, e isso é bom. Os avanços na alimentação saudável e sustentável passam pelo conjunto das ações da sociedade, universidade e indústria.
Por parte da academia e profissionais da área de alimentos, todos concordam com a promoção de uma política de alimentação saudável e com a importância das diretrizes do Guia Alimentar.
Contudo, também entendemos que a classificação NOVA, no que diz respeito aos ultraprocessados é de certa maneira generalista e inconsistente quando avaliada de maneira mais criteriosa, pois engloba muitos alimentos distintos (tanto em ingredientes e composição, quanto densidade nutricional) na mesma categoria.
Ainda, algumas dificuldades que surgem nesse assunto é justamente por parecer que existe uma divisão entre alimento saudável e não saudável, e entre indústria e profissionais da saúde.
A qualidade dos alimentos é multidimensional. É qualidade nutricional? sensorial? de conveniência e praticidade? O consumo de alimentos vai muito além apenas da questão nutricional, existe o prazer, o social e o cultural que se manifestam na hora do consumo.
A proposta da SIGA é extremamente interessante e importante no que diz respeito à caminhar para um objetivo comum.
Trabalhar diante da colaboração de todas as partes interessadas na cadeia agroalimentar para oferecer aos consumidores produtos mais saudáveis e transparência na comunicação.
Premiar alimentos dentro de cada categoria e oferecer capacitação e ferramentas para o setor privado conseguir transitar com maior facilidade para alimentos mais saudáveis nutricionalmente é estimular a indústria a pensar em estratégias para reformular seus produtos e atender às demandas da sociedade, de maneira gradual e colaborativa.
Acompanhe no instagram (@siga.care) e confira de perto os estudos e notícias da SIGA. Ainda, acesseo blog oficial e veja materiais mais aprofundados
(OBS: é em francês, mas calma, é só você clicar com o botão direito do mouse na página e traduzir automaticamente o conteúdo para o português. Divirta-se =D)
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