Conhecida como rei ou rainha das especiarias, diversas pessoas consideram a pimenta-do-reino como a especiaria mais importante comercializada internacionalmente.

Ora, e não é para menos.

A história nos conta que a pimenta construiu um império na cidade de Veneza, deu início a “Era dos Descobrimentos” e fez Cristóvão Colombo partir para encontrar o novo mundo.

Vamos entender um pouco mais:

A pimenta-do-reino foi uma das primeiras mercadorias negociadas entre o Oriente e a Europa. Na época medieval, a pimenta frequentemente mudava de mãos como aluguel e impostos, sendo uma das moedas preferida na época.

Hoje pode parecer algo trivial ou quase nada. Mas o que ela tinha – e tem – de tão especial?

Na época (e ainda hoje), usava-se condimentos na comida por duas razões: como conservante e para realçar o sabor. Já da para ver que a ciência e tecnologia de alimentos é antiguinha, né?

A refrigeração não existia, a data de validade demoraria séculos para aparecer nos rótulos e os consumidores contavam apenas com seus narizes para ajudá-los a detectar a comida estragada.

Assim, a pimenta e outros temperos disfarçavam o gosto da comida podre ou rançosa e provavelmente ajudavam a desacelerar o avanço da deterioração.

Alimentos secos, defumados ou salgados podiam também se tornar mais palatáveis com o uso intenso desses temperos.

A pimenta-do-reino é encontrada como pimenta verde, branca e preta.

E agora entra química que é parte massa da história: o ingrediente ativo tanto na pimenta preta quanto na branca é a piperina (estrutura química abaixo).

E é essa molécula que está associada a diversos benefícios, tanto para a tecnologia de alimentos quanto para a saúde humana.

Estudos reportam (aqui, aqui e aqui) que os componentes da pimenta, principalmente a piperina possuem ação anti-inflamatória, antioxidante, analgésica, dentre outras.

Ainda, diferente da pimenta-do-reino, com uma espécie única, há várias espécies de pimenta do gênero capsicum, e nessas o composto químico responsável pelo sabor pungente e ardência é a capsaicina (estrutura química abaixo).

Nos estudos listados acima, também é abordado os benefícios da capsaicina no organismo.

A sensação picante que experimentamos quando ingerimos pimenta não é realmente um sabor, mas sim uma resposta de nossos receptores nervosos de dor a um estímulo químico.

Muitas vezes temos uma sensação de prazer ou contentamento após ingerir uma comida picante, e essa sensação talvez se deva a endorfinas (o hormônio do prazer, ou do amor), componentes com as características do opiatos que são produzidos no cérebro como resposta a dor.

Esse fenômeno talvez explique porque algumas pessoas gostam taaanto de comida picante (inclusive eu 😀 )

Quanto mais forte a pimenta, maior a dor, em consequência, maiores os traços de endorfina produzidos e maior o prazer final!

Tive a ideia para escrever esse post lendo o livro “Os botões de Napoleão: as 17 moléculas que mudaram a história”

É uma mistura de história do mundo com química orgânica. Vale muito a pena a leitura. Você pode ver ele em PDF aqui.

Ah! É bom ter um mínimo de conhecimento em química para entender algumas coisas, mas nada impede de fazer essa grande leitura para compreender como o mundo foi moldado a partir de todas as substâncias que o livro aborda.

Boa leitura! 🙂

Hey,

Antes de ir embora, não deixa de conhecer a Comunidade Internacional da Pimenta, que é uma organização intergovernamental de países produtores de pimenta.

Lá, você poderá ver mais informações sobre o setor e notícias relacionadas.

Conhece alguém fã de pimenta? Compartilha com ele 😎 

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